Passos Para Promover a Cultura do Encontro

O Mutirão Nacional de Comunicação, evento da igreja católica realizado a cada dois anos, concluiu a 13ª edição, no último dia 16 de julho, em João Pessoa, na Paraíba

Promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal para a Comunicação, e pela Arquidiocese da Paraíba, o Muticom teve como tema: “Comunicar Para a Cultura do Encontro”.

Agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom), estudantes, jornalistas, pesquisadores e pessoas ligadas à comunicação na igreja católica estiveram no evento presencialmente ou acompanharam fazendo a inscrição para a versão online. Houve a transmissão em emissoras de rádio e inserções na TV Aparecida (A12) e TV Evangelizar.

Contexto

A “Cultura do Encontro” tem sido um pedido contínuo do Papa Francisco nestes 10 anos de pontificado. O Papa tem mostrado no seu dia-a-dia como é esta prática. Nas suas visitas, encontros, audiências, catequeses e entrevistas. Francisco a descreveu em encíclicas – Fratelli Tutti, Laudato Si’,  e na mensagem do dia das Comunicações Sociais de 2023 quando afirmou: “Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar. e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora”.

As palestras, conferências e oficinas do Muticom 2023, conduziram os participantes para dar passos na mesma direção: Buscar o diálogo, construir pontes, evidenciar a voz das pessoas, as necessidades das comunidades. Lembrar 4 pontos do caminho sinodal e da cultura do encontro: a humildade, a escuta, o diálogo e o discernimento. Encontrar o próximo como na parábola do bom samaritano: sem se preocupar com quem seja, apenas perceber e atendê-lo em suas necessidades.

Programação

“Comunicar para a cultura do encontro” foi a primeira palestra, com a presença virtual do biógrafo do Papa Francisco, Austen Ivereigh, que ressaltou os desafios da sinodalidade que Francisco propõe. No dia seguinte, 14, Dom Valdir de Castro, presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação, falou sobre o tema “Rumo à Presença Plena: a cultura do encontro no ambiente virtual”, com as linhas do recente documento publicado pelo Dicastério (departamento) de Comunicação do Vaticano. Os comunicadores são “artesãos de comunhão”, devem espelhar nas suas “redes próprias” o pensamento de um evangelizador e manter o estilo cristão no mundo digital. Dom Valdir pontuou que a comunicação polêmica e superficial, quando vinda de lideranças da igreja é especialmente preocupante, assim como ter e acompanhar perfis que contradizem o evangelho.   

Os integrantes do Núcleo de Estudos em Comunicação e Tecnologia (NECT), da Universidade de Minas, Fernanda Medeiros, Aline Amaro, Alzirinha Rocha e Vinicius Borges fizeram um painel com a pesquisa concluída sob o tema  “Influenciadores Digitais Católicos: efeitos e perspectivas”, um trabalho que deve ser publicado em breve. No painel se discutiu a mensagem do Evangelho neste meio que é hostil a mensagem de Jesus. A comunicação midiática feita pela e para a igreja é um fenômeno estabelecido, é necessário refletir, agir para a convergência e orientar.

Nos dois dias, 14 e 15 de julho, aconteceram seminários, previamente escolhidos pelos participantes, tendo abordagens específicas: comunicação e mobilização social, cultura do encontro e povos originários, literacia (nome dado à interação das pessoas com a mídia digital) e cidadania, catequese digital e algorética (a utilização do algoritmo e da inteligência artificial de acordo com princípios éticos)

No sábado, aconteceram as conferências: “Amizade Social na Era da Informação”, com a jornalista e vaticanista Mirticeli Medeiros e “Ecologia Integral e Cultura do Bem Viver”, por Márcia Maria Oliveira. Mirticeli explicou como é ser vaticanista, a partir da sua formação como historiadora, através dos Papas nos respectivos tempos vividos em cada pontificado. Mostrou pontos importantes da forma de governar a igreja do jesuíta: o Papa Francisco. A professora Márcia da Universidade de Roraima, que foi nomeada pelo Papa como perita e participou do sínodo dos bispos para a região Pan-Amazônica, sugeriu a leitura do livro “Urihi – Nossa Terra, Nossa Floresta” de Devair Fiorotti, onde a narrativa em versos de um yanomani ao tentar voltar à sua casa, sugere a busca e o reencontro com Deus. Na fala de Márcia, “Cuidar da casa comum não é opção é nossa missao”.     

Materiais

Foi apresentada com itens explicativos, a edição atualizada do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, lançada em maio de 2023. Marcus Tullius coordenador da Pascom Brasil comentou que o trabalho foi feito a “diversas mãos” e aprovado na assembleia geral deste ano. 

A Editora Paulus, apresentou a coleção “Ecclesia digitalis”, pelos autores dos livros que já fazem parte dela: Frei Darlei Zanon, do livro “Comunicar o evangelho – Panorama histórico do magistério da Igreja sobre a comunicação”; Aline Amaro, do livro “Catequese Digital – Por onde começar?”; Andréia Gripp, autora da obra “Infopastoral – o agir pastoral numa sociedade em transformação”; Marcus Tullius, do livro “Esperançar – A missão do agente da Pastoral da Comunicação”; e Ricardo Alvarenga, autor de “Comunicação da Igreja Católica na América Latina – o que nos ensinam os documentos do Celam”.

Letícia Florêncio do Movimento Laudatò Si’ Brasil mostrou um trecho exclusivo do filme inspirado na encíclica “Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum”. O documentário “A Carta: Uma Mensagem para Nossa Terra” é um projeto conjunto da Off the Fence Productions e do Movimento Laudato Si’, estreado em outubro de 2022 de outubro está disponível no Youtube gratuitamente e foi visualizado por mais de 8,5 milhões de pessoas (https://www.youtube.com/watch?v=Rps9bs85BII).

Conclusões

A missa de encerramento foi presidida por Dom Valdir e na sua homilia, “fez o envio” dos comunicadores ao dizer: “O Muticom não é um ponto de chegada, mas de partida. A cultura do encontro é o único caminho que temos para uma sociedade de humanidade e fraternidade”.

No final do Muticom, Marcus Tullius fez a leitura da carta-compromisso fruto do 13º Muticom – disponível no link

https://pascombrasil.org.br/wp-content/uploads/2023/07/CartaCompromisso_13oMuticom-1.pdf

Na fala de encerramento Dom Manoel Delcio, arcebispo da Paraíba, demonstrou a alegria pela “missão cumprida” e “passou” o próximo Muticom em 2025 para o representante da arquidiocese de Manaus. 

“Em oposição a uma cultura dispersiva, autossuficiente, fragmentada, marcada pelo individualismo”, citada por Dom Valdir de Castro, os participantes do 13º Muticom levam a missão de multiplicar o aprendizado, comunicar melhor também nos meios digitais, promovendo a inclusão e uma vida digna para todas as pessoas.

Texto e fotos

(Giolete Babinski, Pascom Diocese de Paranaguá

– Com informações de outros posts sobre o 13º Muticom)

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